quinta-feira, 17 de julho de 2014

Soneto do Desmantelo Azul


Então pintei de azul os meus sapatos 
por não poder de azul pintar as ruas, 
depois, vesti meus gestos insensatos 
e colori as minhas mãos e as tuas. 

Para extinguir em nós o azul ausente 
e aprisionar no azul as coisas gratas 
enfim, nós derramamos simplesmente 
azul sobre os vestidos e as gravatas. 


E afogados em nós, nem nos lembramos 
que no excesso que havia em nosso espaço 
pudesse haver de azul também cansaço. 

E perdidos de azul nos contemplamos 
e vimos que entre nós nascia um sul 
vertiginosamente azul. Azul.


Carlos Pena Filho 


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